No estado, cem voluntários com doenças como lúpus e artrite vão ser vacinados e observados para testar a segurança e a durabilidade dos imunizantes.
Cem pessoas, todas com doenças reumáticas autoimunes, vão participar de um estudo para avaliar a eficácia das vacinas contra a Covid-19 entre este público. Os voluntários vão ser acompanhados pelo Serviço de Reumatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da Secretaria da Saúde estadual (Sesa), que vai representar o estado nesta pesquisa de âmbito nacional.
Ao todo, o estudo é liderado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), e vai vacinar contra Covid-19 e acompanhar, durante um ano, cerca de duas mil pessoas com doenças reumáticas autoimunes em todo o Brasil.
A pesquisa, nomeada “Estudo de segurança, efetividade e duração da imunidade após a vacinação contra Sars-Cov-2 em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas – SAFER”, vai avaliar a eficácia, a segurança e a durabilidade da proteção das atuais vacinas, assim como os possíveis efeitos adversos delas, em pacientes com doenças reumáticas autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.
Para Rejane Abreu, pesquisadora e reumatologista do HGF, o interesse específico do estudo em doenças reumáticas autoimunes — também conhecidas como doenças reumáticas imunomediadas sob a sigla Drim — vem da particularidade de atacarem o próprio organismo por meio de anticorpos e da necessidade do uso de medicamentos imunossupressores.
“Esses anticorpos geram reações inflamatórias e uma série de alterações dentro do corpo, por isso precisamos controlar o ‘exagero’ da imunidade utilizando medicamentos imunossupressores”, ressalta a médica, que também faz parte da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da SBR. “Como são vacinas novas e que estimulam a produção de anticorpos, precisamos entender como e quais podem ser os resultados nesses pacientes”, comenta a pesquisadora.
No HGF, a pesquisa já está recrutando voluntários por meio de um formulário de pré-cadastro. Para participar, é preciso ter mais de 18 anos, possuir uma doenças reumáticas imunomediadas (Drim) — confira lista completa abaixo — e não ter sido vacinado contra a Covid-19.
Não podem participar gestantes, pacientes com neoplasias, pessoas que já passaram por transplante de órgãos, além de imunossuprimidos por outras causas, como pessoas convivendo com HIV.
Confira a lista de Drims requisitadas:
- Artrite reumatoide
- Lúpus
- Eritematoso sistêmico
- Espondiloartrites
- Síndrome de Sjögren
- Síndrome de sobreposição
- Vasculites e esclero sistêmicas
- Artrite psoriática
- Doenças de Behçet
- Esclerose sistêmica
- Miopatias inflamatórias
- Síndrome intestinal inflamatória
- Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC)
Como funciona o estudo
Após seleção pelas equipes da pesquisa, os voluntários serão vacinados e acompanhados para coletas de sangue e realização de exames. O material será enviado ao laboratório da Escola Paulista de Medicina (EPM) para análise de resultados. “É um estudo muito rico e completo porque contempla contribuições de cidades de todas as regiões do País”, continua Regiane.
Além de Fortaleza, com o HGF, o estudo é realizado em mais 11 centros:
- São Paulo (Unifesp)
- Goiânia (UFG)
- Porto Alegre (UGRGS)
- Belo Horizonte (UFMG)
- Juiz de Fora (UFJF)
- Manaus (Ufam)
- Rio de Janeiro (UFF)
- Vitória (Ufes)
- João Pessoa (UFPB)
- Brasília (UnB/Ebserh)
- Curitiba (Edumed).
Todas as vacinas utilizadas no estudo foram doadas diretamente pelo Instituto Butantan e pelas empresas AstraZeneca e Pfizer. São doses extras, não incluídas na contagem da atual campanha de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Fonte: G1